O grande problema que a igreja enfrenta, hoje, para fazer o trabalho de Deus é o pequeno envolvimento dos fiéis. Há muito trabalho para ser feito, muita expectativa para ser atendida e pouca participação de muitos. Bruce L. Shelley comenta: “Transformarmos o trabalho cristão num esporte de espectadores. O limite do envolvimento do membro comum é quase o mesmo do fã de futebol. Grita muito, querendo ensinar como o jogo deveria ser jogado, mas não contribui com nada além de suas críticas”.
O trabalho cristão tem sido executado por poucos. Mas, como resolver este problema? O que devemos fazer para combater tamanha omissão? Creio que o melhor caminho é através da conscientização de cada membro da lgreja. Esta conscientização se fará com o ensino bíblico acerca do ministério cristão e muita oração.
Em primeiro lugar, O QUE É A IGREJA?
Na Bíblia, a igreja é vista essencialmente como “a comunhão dos santos”, isto é, “a reunião dos que são partícipes de Cristo e das Bênçãos que nele há” (L. Berkhof). A igreja não é resultado da ação humana. A sua origem é divina. Jesus Cristo afirma: “Edificarei a minha igreja”. Jesus Cristo é o proprietário e o edificador da lgreja. A comunhão da Igreja é produzida e mantida pela presença e pela ação permanente do Espírito Santo: “Pois, em um só Espirito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeu, quer grego, quer escravos, quer livres. E a todos nos foi dado beber de um espírito” (1Co.12.13). A igreja é o povo de Deus. No Antigo Testamento, Deus distingue a Israel das outras nações chamando-a de meu povo: “Disse ainda o Senhor: Certamente vi a aflição do meu povo, que está no Egito…” (Êx 3.7). O próprio Deus passa a ser conhecido como o Deus de Israel: “depois foram Moisés e Arão e disseram a Faraó: Assim diz o Senhor Deus de Israel: deixa ir o meu povo, para que me celebre uma festa no deserto” (Êx 5.1). A identidade de Israel baseava-se na relação especial que mantinham com Deus.
No Novo Testamento, este conceito ganha estabilidade e dimensão. Em Jesus Cristo, o povo de Deus ganha identidade. “Ela dará à luz a um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mt 1.21). Independente de ser israelita ou não, o povo de Deus é formado por todos aqueles que estão em Cristo (Ef 2.11-22; Tt 2.14). “Vós, sim, que antes não éreis povo, mas agora sois povo de Deus, que não tínheis alcançado misericórdia, mas agora alcançastes misericórdia” (1Pd 2.10). Há três ideias básicas que estão ligadas a este conceito.
1. O povo de Deus é um povo escolhido
A igreja é uma comunidade de pessoas escolhidas pelo próprio Deus. Moisés afirmou: “O Senhor teu Deus te escolheu, para que lhe fosses o seu próprio povo, de todos os povos que há sobre a terra” (Dt 6:6). “Vós, porém, sois raça eleita…”, afirma Pedro (1Pd 2.9);
2. O povo de Deus é um povo chamado
O chamado de Deus é a essência do conceito neotestamentário sobre igreja. “EKKLESIA” significa a comunidade daqueles que foram chamados e reunidos em Cristo e por Cristo (Mt 16.18). “E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou a esses também justificou…” (Rm 8.30).
3. O Povo de Deus é um povo comprometido
Deus e o seu povo estão comprometidos através da aliança da graça. Por meio dessa aliança e de seu sacrifício, Jesus introduziu cada crente na presença imediata de Deus, transformando-o em sacerdote à Deus. Esta comunhão com Deus dispensa a mediação de qualquer outro cristão ou casta sacerdotal. Sob a nova aliança cada cristão está capacitado para cumprir as funções sacerdotais. “Porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação, e para o nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes” (Ap 5.9-10).
Em segundo lugar, SACERDÓCIO DOS CRENTES.
Cada pessoa que faz parte da igreja foi chamada por Deus para exercer um ministério. Jesus Cristo, por causa do seu sacrifício, fez de seus seguidores, Sacerdotes de Deus, isto é, pessoas cujo serviço Deus aceita. “Aquele que nos ama, e pelo seu sangue nos libertou dos nossos pecados, e nos constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai…” (Ap 1.2-6). Isto nós chamamos de “sacerdócio universal dos crentes”.
Deus não faz separação entre clero e laicato. Todos são sacerdotes, pois não há diferença de identidade entre os crentes. Há sim, uma distinção de papel, na maneira que cada um serve ao outro. Mas, quais são os sacrifícios oferecidos pelo cristão no exercício do seu sacerdócio? Sacrifícios espirituais (1Pd 2.5); sacrifícios de louvor (Hb 13.15); sacrifícios do trabalho pelo próximo (Hb 13.16); sacrifícios da nossa vida como oferta a Deus (Rm 12.1).