“Como é preciosa, ó Deus, a tua benignidade! Por isso, os filhos dos homens se acolhem à sombra das tuas asas” (Sl 36.7).
O Salmo 36 foi escrito por Davi. O poeta-mor de Israel faz um contraste entre os ímpios e os que conhecem a Deus. Aqueles não têm temor de Deus, estes se aninham debaixo das sombras de suas asas; aqueles abrigam a transgressão no coração, estes fartam-se da abundância da casa de Deus; aqueles se vangloriam de sua iniquidade, porque tolamente imaginam que seus pecados jamais serão descobertos e odiados, estes bebem das torrentes das delícias de Deus; aqueles têm nos lábios malícia e dolo, estes exaltam as virtudes de Deus; aqueles maquinam o mal em seu leito e se detém no caminho da maldade, não se despegando dele, estes vivem na luz, tendo comunhão com aquele que é o manancial da vida; aqueles, os obreiros da iniquidade, são derrubados para nunca poderem se levantar, estes, os que conhecem a Deus e são retos de coração, desfrutam da contínua benignidade e justiça de Deus.
Depois que Davi faz este contraste nos versículos 1 a 4, agora, passa a uma descrição eloquente dos atributos de Deus. Ele está encantado com a benignidade de Deus (v. 5), com a fidelidade de Deus (v. 5), com a justiça de Deus (v. 6) e com os juízos de Deus (v. 6). Destacaremos esses quatro pontos importantes:
Em primeiro lugar, a benignidade de Deus chega até aos céus (v. 5).
Deus é benigno. Ele sempre trabalha para o nosso bem. Ele não nos trata conforme os nossos pecados, mas consoante à sua muita benignidade. Assim como ele mesmo é elevado, também é elevada a sua benignidade. Sua benignidade é, também, preciosa (v. 7). Por essa razão, os filhos dos homens podem correr para debaixo de suas asas na hora da tempestade. Por isso, os pecadores podem encontrar perdão e descanso à sombra de suas asas. Porque Deus é benigno, aqueles que têm comunhão com ele, e habitam em sua casa, fartam-se da abundância dessa casa. Ali, Deus lhes dá a beber das torrentes de suas delícias (v. 8). Em Deus está o manancial da vida e só na presença dele, que é a verdadeira luz, podemos ver a luz (v. 9).
Em segundo lugar, a fidelidade de Deus chega até às nuvens (v. 5b).
Deus é fiel a si mesmo, às suas promessas e ao seu povo. Sua palavra não pode falhar. Nenhuma de suas promessas jamais caiu por terra. O que ele promete, ele cumpre. O que ele faz, ninguém pode desfazer. Nossa salvação está firmada na fidelidade de Deus. Nossa segurança está ancorada em quem Deus é, no que ele fez e no que ele promete em sua palavra. Sua fidelidade chega até às nuvens. Deus é absolutamente confiável. Sua reputação jamais foi abalada. Seu caráter jamais sofreu variação. Ele é o mesmo, para sempre o mesmo benigno e fiel.
Em terceiro lugar, a justiça de Deus é como as montanhas (v. 6).
As montanhas são um símbolo daquilo que é estável e não pode ser abalado pelo braço da carne. Deus é justo, inabalavelmente justo. Sua justiça é imperturbavelmente sólida. Ninguém pode arrancá-la ou transportá-la. Deus é justo em seu ser, em seus decretos e em suas obras. Podemos encontrar abrigo debaixo de suas asas, porque a tempestade que deveria cair sobre nós, caiu sobre seu Filho, e Deus satisfez toda a sua justiça em seu Filho, para nos fazer beber de suas delícias para sempre.
Em quarto lugar, os juízos de Deus são como um abismo profundo (v. 6b).
Os abismos profundos são um emblema daquilo que o homem não pode descortinar nem entender. Por mais peregrina que seja a inteligência humana e por mais robusto que seja o seu conhecimento, nenhum homem jamais conseguiu penetrar nas profundezas dos juízos divinos. Deus é infinitamente maior do que o homem pode compreender. Seus juízos são inescrutáveis. Seus pensamentos são assaz profundos. Deus é incognoscível até revelar-se a nós. Mas, conhecer a Deus é viver sob a sombra de suas asas, é fartar-se da abundância de sua casa, é beber das torrentes de suas delícias e abastecer-se do manancial da vida.