(1 Coríntios 10.1-11.1)
Como um cristão pode saber se um assunto é certo ou errado, quando a bíblia não diz de forma explícita? Como decidir sobre assuntos que não são nem proibidos e nem permitidos pela bíblia de forma objetiva e clara? Tais assuntos devem ser decididos à luz da liberdade cristã, com equilíbrio e moderação. A Confissão de Westminster resume a doutrina da liberdade cristã alertando: “Só Deus é senhor da consciência, e ele deixou livre das doutrinas e mandamentos humanos que em qualquer coisa, sejam contrários à sua palavra ou que, em matéria de fé ou de culto estejam fora dela. Assim crer tais doutrinas ou obedecer a tais mandamentos como coisa de consciência e trair a verdadeira liberdade de consciência; e requerer para elas fé implícita e obediência cega e absoluta é destruir a liberdade de consciência e a mesma razão” (Rm 14.4,10,23; Gl 5.1). O outro grande perigo da liberdade cristã é usá-la para o pecado: “Aqueles que, sob o pretexto de liberdade cristã, cometem qualquer pecado ou toleram qualquer concupiscência, destroem por isso mesmo o fim da liberdade cristã; o fim da liberdade é que, sendo livres das mãos dos nossos inimigos, sem medo sirvamos ao Senhor em santidade e justiça, diante dele todos os dias da nossa vida” (Lc 1.74-75; Rm 6.15; Gl 5.13).
CUIDADO COM A SOBERBA (1Co 10.1-13)
Paulo inicia a sua instrução lembrando aos coríntios o exemplo de Israel (v.1-4). Ele relembra as vantagens e os privilégios espirituais de Israel. (1) Eles foram conduzidos e guiados pelo Senhor através da nuvem da glória de Deus, após serem libertados do Egito – Ex 13.21; Nm 12.5. (2) Eles atravessaram a Mar Vermelho em terra seca, enquanto os egípcios se afogaram nas mesmas águas – Ex 14. (3) Eles foram “batizados em Moisés” ou introduzidos ao pacto (Ex 24.4-8), assim como todo aquele que é batizado hoje, sinalizando que foi redimido por Cristo – Rm 6.3; Gl 3.27. (4) Eles foram sustentados com comida e água de forma sobrenatural – Ex 16.1-36; 17.6; Sl 78.15-16. (5) Eles foram acompanhados por Cristo durante o deserto – Dt 32.4,15,18,30,31.
Paulo declara: Entretanto, Deus não se agradou da maioria deles, razão porque ficaram prostrados no deserto (v5). Ele deseja que reflitamos sobre a bondade e a severidade de Deus. Apesar dos favores limitados de Deus, muitos ou “a maioria deles” não confiaram no Senhor. Resultado: os corpos deles foram espalhados pelo deserto – Nm 14.16; 16.40 e 25.9. Por analogia, Paulo diz que precisamos tomar cuidado com a religião exterior; a punição de Deus a Israel serve como exemplo. Ora, estas coisas se tornaram exemplos para nós, a fi m de que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram (v. 6). Ele está dizendo que temos vários motivos para não repetirmos os erros de Israel: temos a Palavra de Deus que nos adverte e nos capacita; temos a segurança espiritual de que se confiarmos em Deus e não em nós mesmos, não cairemos; e temos a fidelidade de Deus que não evita a tentação, mas garante-nos “escape” ou vitória em meio à tentação.
FUGI DA IDOLATRIA (1Co 10.14-22)
Paulo retorna ao assunto da idolatria ou da comida sacrificada aos ídolos. Portanto, meus amados, fugi de idolatria (v.14). Ele ordena que os crentes fi quem longe dos templos pagãos e de suas festas religiosas. O argumento que Paulo usa é o da comunhão: Não podeis beber o cálice do Senhor e o cálice dos demônios, não podeis ser participantes da mesa do Senhor e da mesa dos demônios (v. 21). Na igreja, somos um corpo. Temos comunhão com Deus e uns com os outros. Manifestamos esta comunhão através da Ceia do Senhor, quando comemos o pão e bebemos o cálice do Senhor. O mesmo se aplica a adoração pagã, na qual os sacrifícios são oferecidos aos demônios. Antes, digo que as coisas que eles sacrificam, é a demônios que as sacrificam e não a Deus; e eu não quero que vos torneis associados aos demônios. Não podemos servir a dois senhores! (Mt 6.24). É o que acontecerá se um crente, por se julgar “forte”, insistir em participar dos cultos pagãos? Paulo é claro: despertara o ciúme e o zelo do Senhor (Ex 20.5; Dt 32.16: Os 2.2).
OS LIMITES DA LIBERDADE CRISTÃ
Paulo encerra o seu ensino apresentando alguns princípios que nos ajudarão a usar bem a nossa liberdade cristã:
• Faça tudo aquilo que é proveitoso e edifica
espiritualmente (v. 23);
• Faça tudo sempre buscando o bem da outra pessoa (v. 25);
• Faça tudo sem ultrajar a sua própria consciência e a do outro (v. 25-26);
• Faça tudo para a glória de Deus (v. 31);
• Faça tudo sem ofender a igreja e visando a salvação do incrédulo (v. 32-33);
• Faça tudo imitando aqueles que imitam a Jesus Cristo (1Co 11.1).
Rev. Arival Dias Casimiro