Ninguém consegue sobreviver sem esperança. Especialistas afirmam que uma pessoa pode viver quarenta dias sem alimento, três dias sem água, oito minutos sem ar, mas nem um minuto sem esperança. Por isso o ditado popular: “a esperança é a última que morre”.
O tema da primeira carta de Pedro é a esperança; seu objetivo principal foi encorajar os cristãos perseguidos a manterem acesa a chama da esperança. Segundo John MacArthur Jr, o propósito desta carta era ensinar o crente a viver vitoriosamente em meio à hostilidade: “Pedro queria convencer seus leitores de que, ao levar uma vida obediente e vitoriosa sob pressão, o cristão de fato pode evangelizar seu mundo hostil”. Pedro é o “apóstolo da esperança”. E segundo ele, cada cristão deve estar pronto para responder a todo aquele que lhe pedir a razão desta esperança (1Pe 3.15).
Esta carta nos ensina que o sofrimento fez, faz e fará parte da vida de todo cristão piedoso, até a volta de Jesus
(1Pe 1.7,8,11,21; 2.12; 4.11-16; 5.1,4,10-11). Não existe cristianismo sem dor e sem sofrimento (Jo 16.33). Ela nos exorta a depender totalmente da graça de Deus (1Pe 1.2, 10, 13; 2.19-20; 3.7; 4.10; 5.5,10 e 12), principalmente, quando sofremos.
Somos salvos, santificados, encorajados, firmados e preservados pela graça. Ela nos motiva a viver de modo exemplar, obedecendo à vontade de Deus. O cristão deve fazer o bem aos irmãos e aos de fora da igreja, conforme o exemplo de Jesus (1Pe 2.15, 20-21; 3.6, 17). Ela nos encoraja viver de maneira esperançosa, na certeza da glória futura. Depois da cruz, virá a coroa. O Deus da graça é também o Deus da glória (Sl 84.11; 1Pe 5.10).
Pedro inicia a carta dizendo: Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, aos eleitos que são forasteiros da Dispersão no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia, eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo, graça e paz vos sejam multiplicadas (1Pe 1.1-2). Três destaques importantes:
Primeiro, a autoria da carta:
Pedro, apóstolo de Jesus Cristo. Trata-se de Simão ou de Cefas, o pescador, que foi chamado por Jesus (Jo 1.42). Ele foi o líder dos apóstolos, uma testemunha ocular dos sofrimentos de Jesus (1Pe 5.1) e uma das “colunas” da igreja cristã primitiva (Mt 16.15-20; At 1.15; 2.14,38; Gl 1.18 e 2.9). Jesus deu a ele o encargo de fortalecer aos irmãos (Lc 22.32) e de apascentar as suas ovelhas (Jo 21.15-17). Ele escreveu esta carta na companhia de Silas (Silvano) e João Marcos (1Pe 5.12-13), missionários bem conhecidos na igreja primitiva (At 15.22,37 e 12.12; 2Tm 4.11).
Segundo, os destinatários da carta:
aos crentes que estavam dispersos e sofriam por causa da fé em Jesus. Pedro os chama de eleitos ou escolhidos de Deus. Eles são integrantes da igreja de Deus e do povo escolhido (1Pe 2.9). Esses eleitos são forasteiros indicando que eles estão de passagem pelo mundo, mas não são do mundo (Jo 17.14; Fp 3.20-21). Eles estão dispersos por cinco partes do império romano (atual Turquia) e passam por um período de perseguição e sofrimento. A ênfase de Pedro é quanto à origem desta eleição. Eles foram eleitos e convertidos pela Trindade.
Primeiramente, eles foram eleitos de acordo com a presciência de Deus (Rm 8.29-30).
Presciência “é muito mais do que a habilidade de prever acontecimentos futuros. Ela inclui a soberania de Deus em determinar e colocar em prática sua decisão de salvar o ser humano pecador” (Simon Kistemaker). Pedro cita a mesma palavra para descrever a morte de Jesus (At 2.23). A eleição é o primeiro passo de Deus para salvar os seus escolhidos.
Em segundo lugar, Pedro diz que os eleitos foram salvos pela obra santificadora do Espírito Santo (2Ts 2.13).
“Por minha própria razão e por minhas próprias forças não posso crer em Jesus e nem ir a Ele” (Lutero). É o Espírito que convence o pecador levando-o a crer em Jesus.
E por fim, a salvação dos eleitos baseia-se no sacrifício de Jesus.
Por causa ou baseado no sangue de Jesus, que foi derramado na cruz, é que os eleitos são salvos (Ef 1.7-8). Jesus morreu na cruz para garantir a salvação da sua igreja (At 20.28; Ef 5.25). Em síntese, as três pessoas da Trindade estão envolvidas no plano da salvação dos eleitos.
Terceiro, a Saudação:
graça e paz vos sejam multiplicadas. A graça é a origem de todas as bênçãos e inclui a misericórdia, o amor e a salvação. A paz é a consequência e inclui a paz com Deus, a paz de Jesus que atinge a mente e o coração e a paz social. Os seus leitores já a possuem, mas devem multiplicá-las ou aumentá-las por meio da prática cristã.