A Igreja Presbiteriana do Brasil nasceu numa pandemia. O missionário americano Ashebel Green Simonton chegou ao Brasil, em 12 de agosto de 1859, na cidade do Rio de Janeiro. A cidade maravilhosa enfrentava uma grande epidemia de febre amarela. Apesar de todas as dificuldades, em oito anos de trabalho, ele plantou uma igreja, publicou um jornal, fundou um seminário e organizou um presbitério. Morreu vitimado pela febre amarela, aos 34 anos (09/12/1867), mas deixou os alicerces da nossa denominação.
A Igreja Presbiteriana de Pinheiros nasceu no dia 08 de julho de 1906. Completamos, em 2020, 114 anos de vida eclesiástica. Esse ano entra para a história como “o Ano da Pandemia do Coronavírus”. Milhares de pessoas já morreram e milhões já foram infectadas. Os prejuízos econômicos são avassaladores. Cremos, porém, que Deus está no controle de tudo. Ele permitiu que essa pandemia viesse sobre nós. Qual a missão dessa pandemia?
Primeiro, destruir os nossos ídolos. Todos nascemos idólatras. A nossa mente é uma fábrica perene de ídolos. João Calvino diz: “A mente do homem é como um depósito de idolatria e superstição; de modo que, se o homem confiar em sua própria mente, é certo que ele abandonará a Deus e inventará um ídolo, segundo sua própria razão”. A ciência, o dinheiro, o poder e o prazer são deuses, na sociedade atual. A pandemia veio com o propósito de desmascarar esses deuses, tal como as “dez pragas” enviadas ao Egito. Um vírus revela que somos tão vulneráveis e que não temos o controle de nada.
Segundo, motivar o avivamento espiritual. Muitos se voltam para Deus em tempos de crise. O sofrimento nos empurra para Deus. Ele diz: “se eu cerrar os céus de modo que não haja chuva, ou se ordenar aos gafanhotos que consumam a terra, ou se enviar a peste entre o meu povo” (2Cr 7.13). Observe que é Deus quem envia a seca, a praga e a peste. Mas, “se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra” (2Cr 7.14). A pandemia nos leva à convicção de pecados e que estamos doentes espiritualmente. Matthew Henry diz: “Quando os homens começam a se queixar mais de seus pecados do que de suas aflições, começa a surgir alguma esperança para eles”.
Terceiro, viver o que cremos. A fé sem prática é morta. William Gurnall diz: “Vivemos pela fé; a fé vive pela prática”. A Palavra de Deus não é coisa vã, mas a nossa vida. Precisamos encarnar e viver a nossa teologia. Seu conteúdo teológico é o que você é quando para de falar e começa a agir. Não devemos permitir que a nossa teologia roube a nossa responsabilidade de amar, evangelizar e servir. J. I. Packer diz: “Se buscarmos o conhecimento teológico por si mesmo, isso inevitavelmente nos fará mal. Ele nos tornará orgulhosos e vaidosos”.
Obrigado Senhor por mais um ano de vida eclesiástica. Sabemos que o Senhor está no controle de todas as coisas. Ajuda-nos a entender os teus propósitos em meio a esta pandemia.
Rev. Arival Dias Casimiro