Independentemente da geração a qual pertencer, o ser humano é, e sempre será, um pecador diante de um Deus Santo!, Santo!, Santo! Por outro lado, não se pode negar que existem diferenças no comportamento e nas prioridades das chamadas geração Y e geração Z, se comparadas às gerações X e Baby Boom.
A grande maioria dos estudos sobre gerações está relacionada a comportamentos de consumo, educação, profissional, de liderança corporativa, para saúde pública e entretenimento. O foco do momento está na geração Z, após anos centrada na Y.
Estudar as gerações é útil para saber como lidar com as diferenças de expectativas e perspectivas. Por exemplo, ao entender os adolescentes, mesmo que minimamente, é possível saber como se comunicar de forma efetiva. Embora o mundo nunca mude tanto quanto os jovens queiram, as mudanças quase sempre vêm na direção que apontavam.
Diante desse cenário, como a igreja local pode entender as gerações Y e Z para acolher, evangelizar e discipular?
Diferenças Entre as Gerações
Toda generalização pode parecer simplista em se tratando de pessoas, mas é uma forma de observar características comuns a um grupo influenciado por sua época. Não é como se da noite para o dia as crianças acordassem e parecessem outra pessoa. Também seria um absurdo pensar que a data de nascimento poderia definir mais fortemente o indivíduo do que seu caráter, classe social ou local de nascimento; ou crer que uma caricatura geracional pode descrever milhões de pessoas como se fossem clones. O sociólogo e filósofo Zygmunt Bauman, defendia que as características das diferentes gerações coexistem em uma mesma pessoa.
Apesar de não haver consenso quanto aos períodos que delimitam uma geração da outra, é razoável adotar que a geração do Baby Boom compreende os nascidos entre 1945 e 1960 e, a geração X, os nascidos entre 1961 e 1980.
A geração Y, também conhecida como “Millennials”, refere-se aos nascidos entre 1981 e 1995. Curiosamente, o tempo passa tão depressa que já tornaram-se adultos há tempos, desde que o termo foi cunhado. No imaginário de grande parte da população ainda persiste a noção de que a geração Y é formada por adolescentes. Em 2019, estão na faixa dos 24 aos 38 anos de idade.
Uma característica marcante nos Millennials é um certo ceticismo com verdades absolutas fora de suas próprias experiências pessoais, tornando-os questionadores, ansiosos e imediatistas. Vivem em redes sociais, buscam posições de liderança e não se prendem a um emprego ou instituição. Entre os eventos que definiram suas vidas estão: a redemocratização do Brasil, a queda do muro de Berlim, o fim da guerra fria e o Plano Real.
A geração Z, refere-se aos nascidos entre 1996 e 2010. São os “nativos digitais” e entre os eventos que definiram suas vidas estão: o 11 de Setembro, a popularização da Internet, Harry Potter e o surgimento das redes sociais. Em 2019, estão na faixa dos 9 aos 23 anos de idade. Por ser a geração mais nova, suas características serão melhor explicadas.
São imediatistas, impacientes e entediam-se facilmente; estão sempre em busca de algo melhor. Por diversas razões, muitos nunca ouviram um “não” de seus pais. São motivados por projetos que façam sentido e tenham um propósito pessoal, coletivo ou transcendental. São preocupados com as causas ambientais, sustentabilidade e responsabilidade social, mas não se definem como ativistas.
A geração Z é pragmática, isto é, são realistas, práticos e buscam satisfazer suas necessidades tanto no campo profissional, quanto no pessoal. São lógicos e autodidatas (graças ao YouTube e afins).
É uma geração que não quer se definir. Para esses jovens é importante quebrar estereótipos e isso inclui a definição de gênero, beleza, idade ou classe. Valorizam ao extremo o próprio “eu”, desconstruindo rótulos, exaltando a individualidade e procurando entender a diferença entre as pessoas. Não são polarizadores e querem unir as diferenças em diálogos, demonstrando compaixão e ponderação.
Será a primeira geração a viver uma ressaca da vida em redes sociais devido a hiperexposição dos Millennials. A geração Z quer autenticidade e espontaneidade e não os likes de uma vida de aparências. Dessa forma, nas redes sociais, expõem fragilidades, intimidade explícita e valorizam a transparência. Entretanto, a saturação tem feito muitos abandonarem as redes sociais, o que já começa a preocupar gigantes como o Facebook.
Os “Zs” transitam por múltiplas comunidades e gostam de fazer parte de diversos grupos. Já não se importam com ideologias ou correntes de pensamentos, buscando pontos de conexão entre pessoas. São inclusivos, mas paradoxalmente tem dificuldade de se relacionar pessoalmente com outros.
É a geração que adotou um novo código universal de comunicação baseado em memes e emojis. São os filhos dos virais, youtubers e da linguagem conectada da internet.
São multitarefas, ou seja, conseguem conversar com alguém enquanto enviam uma mensagem para outro grupo, ao mesmo tempo que chamam o Uber ou conferem as novidades no Instagram. Algo muito difícil para alguém da geração X e praticamente impossível para os Baby Boomers.
Apesar de tão diferentes de pessoas de outras gerações, pesquisas mostram que os “Zs” sonham também com casa própria, casamento ou relacionamento estável, filhos e um emprego que pague suas contas.
Buscam a verdade acima de tudo. Verdade nas marcas, nas instituições, religiões e relacionamentos.
Uma característica comum às gerações Y e Z é que ambas tem que lidar continuamente com relativismo, estresse, ansiedade, depressão e ideação suicida. Essas são consequências da era das incertezas como é chamado o mundo pós-moderno, ou modernidade líquida, segundo Bauman.
O Evangelho e a Geração Z e Y
Para alcançar as gerações Y e Z, algumas igrejas tem cedido a abordagens como: tornar o louvor mais atraente, a pregação menos confrontativa e mais consoladora, o vestuário mais informal para os pastores e até mesmo a linguagem mais descolada. O grande problema é que parece que o Evangelho precisa de uma nova roupagem para funcionar para as novas gerações, como se o fator estético estivesse acima do conteúdo.
Muitas vezes apresenta-se a cruz como a solução definitiva para um problema que foi mal entendido, levando a uma compreensão rasa do Evangelho e a uma vida cristã sem fé, esperança, obediência, pureza, contentamento, alegria, paz e poder do Espírito Santo.
O ceticismo dos Millennials só será superado por uma experiência pessoal com Jesus Cristo. Uma experiência de transformação diária do caráter pecaminoso para o caráter santo de Jesus. Uma satisfação crescente na salvação em Cristo e uma cosmovisão redimida.
A busca pela verdade da geração Z só terminará em Jesus e quando o estereótipo do cristão apenas moralmente correto for quebrado. Os “Zs” sabem que são imperfeitos e rejeitam os padrões de perfeição impostos. Há, portanto, um choque entre suas falsas expectativas e a realidade do verdadeiro cristianismo, que é para os que se reconhecem fracos e imperfeitos. Não imaginam que o Evangelho sempre foi e continuará sendo o mais contracultural de todos os movimentos, pois esvazia o “eu” tão idolatrado pelo mundo.
A igreja alcançará as gerações Y e Z quando seus membros, dessas mesmas gerações, acolherem o próximo sem julgamentos e compartilharem o Evangelho de forma simples e contextualizada.
Explicar o Evangelho de forma simples exige um entendimento profundo, como quem come alimento sólido todos os dias, e uma sensibilidade misericordiosa para com o próximo, como quem sabe alimentar um bebê com leite. A contextualização do Evangelho é mostrar como a verdade absoluta, que é Cristo, nos torna humildes e não soberbos, amorosos e não julgadores, esperançosos e não ansiosos, resilientes e não frágeis, sábios e não tolos, contentes e não insatisfeitos, gratos e não murmuradores, servos e não senhores, alegres e não melancólicos, adoradores e não idólatras, e dependentes de Deus.
“Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo.” Gl 6.14
Meditar em Gálatas 6.14 diariamente até que haja uma compreensão transformadora que traga adoração, gratidão e plena satisfação em Cristo é o ponto de partida para conhecer o tesouro que se quer compartilhar com as gerações Y e Z.
Referências
[1] Modernidade Líquida – Zygmunt Bauman – 2001
[2] Conheça mais sobre a geração Z – Hadassah Gordin de Abrantes Sorvillo Vieira – 2019
[3] A geração Z vem com tudo em 2019, liderá-los terá outra conotação – Achiles Rodrigues – 2018
[4] Geração CTRL + Z – consumoteca.com.br acessado em 16/12/1019
[5] A Religiosidade em Universitários da Geração Y na Crise da Modernidade: Um Estudo de Caso na Universidade Federal de Sergipe (UFS) – Vinicius Lima Oliveira – 2017

4 replies to "Alcançando a Geração Z"
Excelente matéria!
Que Deus continue abençoar e capacitar direcionando a expor conteúdos importantes e relevantes.
Glória a Deus pelo texto, Eduardo Teruiya!
Continuemos a entender as novas e mutantes gerações a fim de comunicar a elas a verdade transcendental do evangelho de Cristo!
Deus continue usando e abençoando sua vida!
Amei e simples e temos que ser simples para estar em Cristo mas temos que ser e estar para verdadeiramente fazer a vontade do Senhor,….! Glória a Deus 🤗
Muito bom o texto!